Livros e outras histórias...



Era uma vez, três porquinhos que foram criados num matadouro no Rio de Janeiro. Foram criados para engorda, e um dia iriam virar presunto.
O tempo passou, e no dia que iriam virar presunto e filé de porco, conseguiram fugir.
Então, ficaram ricos. Deram várias entrevistas para emissoras de TV famosas como a CNN, Globo, CBN, Sony e outros. Foram reconhecidos pelo Guiness Book como: “Os porcos mais espertos do mundo”. Mas nem tudo são flores na vida, pois esta fama trouxe alguns problemas, como a inveja e a fome do lobo – mau Inácio, que trabalhava numa construção de galinheiros na zona oeste da cidade, e ao ver aqueles porquinhos gordinhos, decidiu que ia comê-los e ficar com todo o dinheiro para ele.
Mas, não seria uma tarefa muito fácil, pois os porquinhos saíram do Rio de Janeiro porque foram ameaçados pelo lobo Inácio, e foram morar na Irlanda, com 5 mil soldados porcos vigiando cada castelo.
O porquinho mais novo, Pedrinho, construiu seu castelo com palhas e alguns gravetos. O do meio, Jorginho, construiu com madeira reflorestada. O mais velho, Joaquim, construiu seu castelo com tijolos de pedra, muros reforçados e muita defesa.
Mas, o lobo soube de toda a localização deles pela mídia, e reuniu vários clãs de lobos espalhados pela a América Latina, foram para a Irlanda.
Ao chegarem lá, viram os três castelos. Como eram mais de 15 mil soldados lobos, foi fácil derrotarem os porquinhos soldados, e depois destruíram o castelo de palha de Pedrinho, mas antes que o pudessem achar , ele fugiu por uma passagem secreta e foi para o castelo de seu irmão do meio, Jorginho. Mais uma vez, os lobos derrotaram os soldados, e com um pouco de esforço, destruiu também aquele castelo, e então, os dois irmãos fugiram para o castelo de tijolos de Joaquim. Os lobos acabaram com o exército, mas tentaram e tentaram talvez centenas de vezes entrar, mas nem arranharam o muro.
Enquanto isso, os porquinhos ligaram para o FBI, S.W.A.T e o BOPE, e enquanto não chegavam, os porquinhos lembraram que haviam comprado um ônibus espacial e viajaram para a base lunar do Brasil, minutos depois, as tropas especiais prenderam os lobos e os condenaram a serem presos por 417 anos por tentativa de homicídio e pertubação da ordem pública.
Mas, como estão os porquinhos? Estão bem, voltaram para a Terra e estão morando morando  em... bem... é melhor não falar.

Yuri, Ricardinho, Hector, Julio Mota....autores incontroláveis......hehehehe



Joana e o pé de jequitibá
     Era uma vez uma menina chamada Joana. Ela vivia no interior do Espírito Santo, com sua mãe Geraldina. Joana era uma menina com alguns problemas na família: seu pai havia morrido há alguns anos. A sua mãe não conseguia emprego por falta de estudos, e tudo o que tinham era uma vaquinha leiteira.
     Quando seu pai era vivo, gostava muito de cuidar da natureza, e lhe ensinou tudo que sabia sobre plantas e animais, e Joana aprendeu tudo com muita facilidade.
     Em um caso de desespero, Geraldina mandou Joana vender a pobre vaquinha no mercado da cidade. Joana foi mas, no caminho, encontrou um malandro quem lhe propôs a troca da vaquinha por uma muda de jequitibá, mas ele disse que era uma muda mágica, que ela crescia mais rápido e maior, e Joana acreditou.
     Quando chegou em casa, sua mãe ficou uma fera, e lhe deu um grande esporro em Joana, e sem mais esperanças, começou a chorar. Porém, Joana não desistiu e, de tardezinha, plantou a muda de jequitibá.
     De manhã, acordou e foi para o quintal, como sempre fazia, e teve uma grande surpresa: aquela mudinha de jequitibá havia se tornado uma enooooorme árvore, e Joana, como era muito aventureira, decidiu subir nela, e foi subindo, subindo e subindo e, para sua surpresa, encontrou um castelo nas nuvens, então decidiu que ia entrar para ver o que havia lá dentro. Bateu na porta: toc, toc, e a porta se abriu sozinha. Joana entrou lá dentro e viu uma criatura estranha, que a surpreendeu com sua rapidez e força, e com o susto que levou, desmaiou. Acordou numa jaula com um homem, olhou mais de perto, e constatou que aquele homem era o seu pai; levou um grande susto, pois pensou que ele tinha morrido, mas descobriu que o “pequeno gigante” era um grande amante da poluição e da devastação das florestas, e que sequestrou seu pai trancando-lhe na jaula
     Joana se encheu de coragem e propôs ao gigante um desafio de perguntas e respostas. O gigante aceitou, com a certeza da vitoria. Se Joana ganhasse, o gigante os libertaria e nunca mais voltaria ali. Se ela perdesse, eles ficavam lá para sempre, vendo as devastações sem fazer nada.
      - E começa o jogo! –disse a harpa mágica, narrando o campeonato. – Primeira pergunta para Joana: Quais as conseqüências de desmatamento em encostas de morro? Joana acerta! Próxima pergunta para o gigante: O que é biodiversidade? O gigante acerta! Próxima pergunta para Joana: O que é ecossistema? E ela acerta outra vez! Pergunta para o gigante: O que é desenvolvimento sustentável? E ele erra, nem chega perto! Pergunta para Joana: O que o desmatamento pode causar ao meio ambiente? Essa menina é um prodígio, acerta outra vez! Pergunta para o gigante: Qual é a idade média de um jequitibá-rosa? E ele erra! Acabou, fim de jogo, e Joana vence o desafio!
     Então, o gigante se encheu de fúria, mas como mais que depressa, Joana chamou seu pai, pegou a harpa mágica, que além de falar, também tocava sozinha, o ganso que põe ovos de ouro, e por final disse:
     - Meu caro amigo gigante, trato é trato, agora saia daqui e não volte nunca mais!
     E, como num passe se mágica, o castelo e o gigante desapareceram em meio a uma luz azul esverdeada.
     Quando Joana e seu pai chegaram e casa, Geraldina teve uma enorme surpresa, e então todos se abraçaram e viveram felizes para sempre!


Autores: Julio, Heitor, Ricardo, Alan, Willian

 

 

 

  O caminhão  de  seu Souza



   Era uma vez,um homem que tinha um caminhão barulhento  . 
 Um dia ele comprou uma buzina nova, a vizinha estava cozinhando e  ela não gostava de barulho . Certa vez o caminhão de seu Souza buzinou e ela reclamou porque ele ligava o  seu caminhão . Quando ele chegou de viagem sua vizinha perguntou :                          
- Por que esse seu caminhão é tão barulhento   ?  
Seu Souza  responde:  
- Porque todos os caminhões são barulhentos!
Passando  alguns dias eles não se entenderam mais !
Ai meses depois  o Seu Souza foi para Brasília que é terra natal dele!                             
 Então depois de alguns anos sua vizinha não via mais o barulho do caminhão de seu Souza   ficou com saudade de seu companheiro . E seu Souza ficou com saudade de seu companheiro de viagem que bateu com o caminhão novo. Seu Souza perdeu o controle de  seu caminhão e caiu sobre uma ribanceira . Seu Souza ficou com ferimentos leves, porque estava com o cinto de segurança. E seu Souza foi para o hospital de Brasília. E sua vizinha ficou sabendo da mensagem que passou na radio e foi para Brasília para ver como estava o seu Souza . Depois de chegar  ao o hospital sua vizinha perguntou a medica:   
-Será que eu poderia ver o senhor Souza ?   
A medica responde:   
-Pode sim, venha !
Muita agradecida foi seguir  a medica . Logo depois chegou no quarto de se Souza e viu ele com ferimentos leves e ficou aliviada .Seu Souza ficou muito feliz que sua vizinha foi o visitar e falou:
-Muito obrigado por vim me visitar . 
                                               Fim !!!!
Autores:
Pablo Matheus Andreão
Luiz Guilherme Mauro Preti







O Povo do Planeta Ixion
     No ano de 2162 d.c, um astronauta brasileiro chamado Henrique Mello de Carvalho, tinha uma viagem marcada para outra dimensão, afim de encontrar outros planetas no Universo que possuem vida inteligente. Mas, ele contou também com uma equipe de 30 astronautas, entre eles o tataraneto de Yuri Gagarin (o primeiro homem a pisar no solo lunar), o também experiente astronauta  Adryan Troumann Gagarin. A viagem seria marcada por muitas e fortes “turbulências”, pois iriam viajar na velocidade da luz(299 792 458 m / s), e não se saberia quais seriam os efeitos dessa viagem, e no dia 21/12/2162, partiram da International Space Base(Base Espacial Internacional) rumo a uma dimensão desconhecida.
     Como esperado, a viagem foi um sucesso, e eles nasceram de um buraco negro, o que causou uma enorme explosão em algum lugar do universo. Quando olharam da janela da nave, viram uma imensidão de planetas e nebulosas obscuras, e vários buracos negros sugadores de matéria. Mas, naquela imensidão de imagens sinistras, um planeta lhe chamou atenção. Com um aspecto bastante semelhante ao da Terra. Henrique então convenceu a equipe de visitar aquele planeta, então ele tirou algumas fotos e mandou para a base.
     Eles ficaram maravilhados com o que viram, até porque este planeta era tão incrível: tinha mares, oceanos, terra e matas com muitos animais exóticos desconhecidos pelo homem terrestre. Só não tinha nuvens mas em compensação o planeta era maravilhado por dois pequenos Sóis e três satélites naturais: Krommus, Lenus e Nonuki’s. Mas de repente uma criatura brilhosa feito ouro se aproximava delicadamente,e com aspecto amigável, eles se assustaram e quiseram correr, mas a criatura disse:
     -  Mantenham a calma, eu quero que vocês fiquem absolutamente calmos e confiem em mim. Nosso povo não tem intenção de machucarem nossos visitantes. Posso saber seus nomes?
    - Meu nome é Henrique e ele é Adryan. Nós viemos em paz em nome de todo o povo do planeta Terra – disse. Nosso objetivo seria tentar descobrir um planeta com vida inteligente e algum lugar do universo.
      - Tudo bem! – disse a criatura – Meu nome é Boomer Tyrol, e agora vocês estão no solo do planeta Ixion. Agora, vou contar um pouco sobre a história de nossa civilização.
     “Nosso planeta nasceu de uma incrível união de uma nebulosa escura com um buraco negro que, quando se uniram, tornaram uma explosão que deu origem a 1/3 do universo total. Quando se chocaram, criaram uma matéria parecida com átomos em sua composição, que também se uniu com pó de estrelas e formou as células que compõem nosso corpo. Hoje, somos altamente evoluídos mentalmente, tecnologicamente e espiritualmente. Aqui, nosso povo tem a consciência da preservação nas árvores. Estamos nos nossos melhores tempos e, em breve, já marcamos uma viagem a superfície terrestre, que não está nos seus melhores tempos, e iremos ajudá-los em todos os sentidos.”
     Os astronautas ficaram surpresos, se despediram de Boomer Tyrol e voltaram, com a ajuda daquele povo, teletransportados e enviados de volta a International Space Base, onde foram indagados pelos repórteres:
     - Conseguiram achar vida inteligente em outros planetas?
     Henrique respondeu com a maior simplicidade:
     “Há mistérios que a humanidade por enquanto nunca entenderá, precisarão de raciocínio e atenção para interpretá-las.”

Autores:


Julio César Brambila Mota, 6ª série;
 Ricardo Chaves Christo, 5ª série.






Fazenda do seu Zé

      Seu Zé tinha uma fazenda com vários animais como: Cavalo , Boi,Pato e Jumento.                                
       Um dia seu Zé foi dar comida para os animais de sua fazenda e  de repente um dos animais tinha sido roubado.
Seu Zé precisava do cavalo para ir ate a cidade para comprar comida.             
      Um dia depois ele recebeu uma ligação que o cavalo dele estava com um homem chamado Antonio Nunes.   
         Ele estava próximo a fazenda. Seu Zé foi procurar o Antonio Nunes.   
          Ele encontrou outra fazenda perto da li ele chamou o Antonio Nunes e seu Zé perguntou:  
          - Este cavalo e seu?   
          Antonio Nunes respondeu:   
          -Não.   
          E seu Zé falou:
          - O meu cavalo sumiu e é da mesma cor que esse ai!   
        Então seu Zé chamou o cavalo pelo nome.    E o Cavalo veio até seu Zé.  E Antonio Nunes deixou o cavalo ir.
           Seu Zé ficou feliz em achar seu cavalo .
      
         
                                              Fim
Pablo Andreão, 3ª série
Luiz Guilherme Mauro Preti, 3º ano
Tiago Donna, 3ª série






Criando historias por Alan de Paula Brusco

Tio Patinhas no Reino Perdido de Fiuskem
 Por Alan de Paula Brusco 3ª série
Aluno do Projeto Aluno Talentoso

 Era uma vez uma cidade onde um pato quaquilionario morava.
O nome da cidade era Patopolis. Essa pessoa era um pato querido por todos. Ele era sim o nosso famoso Tio Patinhas. Em um dia desses ele estava fuçando em coisas velhas quando de repente disse:
-Ahhaaah! Não esperava encontrar esse mapa tão sagrado!
-Ele tem tantos anos de antiguidade que nunca um velho como eu poderia lembrar-se dele.
 Estão nosso velho e corajoso Patinhas foi a praia chamar seu sobrinho Donald e os garotos.
O nome deles eram Ulguinho, Zezinho e Luiguinho, e por ultimo, o maior que todo mundo também o adora o nosso Pato Donald.
Então tio Patinhas fala:
-Descobri um reino chamado o Reino Perdido de Fiuskem!
-O que e isso tio Patinhas?  


Parte II

-Isso Ulguinho, é o começo de uma jornada pra a fortuna.
E então pegaram o navio particular do tio Patinhas e viajaram para o continente da Ásia. E pegaram uma terrível tempestade em alto mar.
Para piorar o fato foram pegos por uma coisa bem pior que tempestade. Um redemoinho e o navio desapareceram com nossos aventureiros e agora será que eles sobreviverão?
Um dia depois. Donald acorda do acontecido tenta acordar os aventureiros:
-Acorde tio Patinhas, Ulguinho, Zezinho e Luiguinho!
Então só precisou de uma sacudida para eles acordarem e seguirem em frente.
Ate que chegaram numa caverna brilhante e resolveram entrar. Mas...
Tio Patinhas disse surpreendido pois achou um diamante:
-Com esse diamante posso passar de quaquilionario para patilionario!
E seguiram o caminho para ver se descobriam mais alguma coisa a mais de interessante para a viagem.
Ate que acham um portal bem, bem, bem... Grande.



Parte III

E Zezinho diz:
-Já que somos aventureiros vamos passar pelo portal e ver o que vai dar!
Então todos concordaram e entraram no portal de uma vez por todas.
Ao sair viram cinco bolas de cristal e o primeiro a futucar foi Donald. Mais a turma não sabia que aquela bola pode ver o futuro. Essas bolas começaram a brilhar de repente.
Então tio Patinhas disse desconfiado:
-Essas bolas me parecem familiar!
Então disse Donald:
-Agora que você me disse também estou me lembrando!
 -É a bola da Maga, pessoal. Só pode ser dela.
Então depois do brilho das bolas de cristal apareceram duas paredes que começaram a se fechar.



Parte IV

“Socorro”.
Então a parede parou de se mover faltando meio metro para encurralar toda a turma. Mas logo depois do fato de susto abriu-se um buraco no Local e nossa turma acabou caindo nele.
Salvaram-se da queda com uma moita no chão. Zezinho surpreendido disse:
-Estamos salvos!Eba!
Mais Luiguinho diz assustado:
- Cadê o tio Donald e o tio Patinhas pessoal?
-Não faço a mínima idéia Zezinho!
Então as crianças foram procurar seus tios atrapalhados.
Ate que deram de cara com uma Cidade com apenas 100% da população.
“É o lendário aposento de Fiusken”.







Parte V

“E o lendário aposento de Fiusken”.
Então nossos aventureiros chegam até a uma mercearia e perguntam para o comerciante:
-Olá senhor, eu sou Ulguinho ele é Zezinho e ele é Luiguinho!Somos aventureiros e estamos atrás de nossos tios!Será que você pode nos dizer onde fica o lugar de prisioneiros?
-Sim, posso sim, fica do outro lado da floresta!
-Você pode dizer o nome da floresta?
-Sim!É Floresta Negra!
-Obrigado!Tchau.
Então nossos três aventureiros chegam a Floresta Negra e dão de cara com outra caverna. Mas essa caverna tinha um nome de a Caverna Sagrada de Fiusken.
A turma entrou na caverna e acharam uma lâmpada mágica.
Zezinho resolveu esfregar a lâmpada mágica. E de dentro dela saiu um gênio que falou:
-Você tem três pedidos!
-Já que estamos em três haverá um pra cada um de nós!
-Ok, então está bem.
   


                                                                                                        

Parte VI


Então os nossos aventureiros decidem um desejo na jornada de resgatar seus tios:
-Já que demoraram, só vou dar a chance de escolherem poderes!
-Eu já sei pessoal o que vou pedir!
-O que Luiguinho?
-Quero ter o poder de se transformar em um objeto ou em uma pessoa!
Então, o gênio falou:
-Então está bem, o seu desejo e uma ordem!
Então o gênio jogou em Luiguinho um raio de luz tão brilhante que nem Zezinho é Ulguinho conseguiram enxergar.
Então Zezinho disse:
-Eu também já sei!Vou querer o da sabedoria!
-Seu desejo é uma ordem meu amo!
E então usou outra vez o raio de luz, mas dessa vez foi no Luiguinho.
E logo depois quem falou foi o Ulguinho:
-Eu vou querer de super força e assim poderemos formar o mini esquadrão! Mas vamos precisar de equipamentos para isso.
“Então tá”



Parte VII

“Então tá”
E o gênio realizou outro desejo da nossa turma, ou devo dizer a nossa M.E.I. {Mini Esquadrão Infantil} e os deram trajes. Um verde, um azul e um vermelho. Cada um tinha um nome: B.P. {Bão de Punho} S.T. {Sabe Tudo} M.P. {Mutação Paranormal}.
E num piscar de olhos o gênio desapareceu para sempre.
E depois de andar por 5 horas eles acham o final da floresta negra. Mas acham também uma aldeia cheia de robôs em forma de índio, e Luiguinho resolveu testar sua nova habilidade de se transformar e vestio sua roupa mágica e se transformou em um simples macaco marrom malhado de cinza.
E disse logo de cara:
-Eu vou distrair os índios quanto vocês salvam nossos titios!Ok?
-Ok Luiguinho!Ou melhor, macaco Luiguinho!
-Engraçadinho!Vistam seus trajes.
 Eles então vestiram seus trajes mágicos e colocaram o plano em ação.
Luiguinho foi distrair os índios e índias robôs da aldeia com suas manobras de macaco. Em quanto isso S.T. e o B.P entraram na oca e viram tio Patinhas e tio Donald amarrados a correntes de chumbo.
Então B.P. que è o Ulguinho era mais forte que um chumbo de 183 kg ou mais que isso. Então quebrou a corrente com facilidade.
E  S.T. que e Zezinho achou uma miniatura de dinossauro.Ao ver essa miniatura resolveu estuda-la por dois minutos e meio para ver se achava algum botão secreto.E não e que ele achou  e apertou no mesmo estante.
E apareceu uma passagem misteriosa.
                                                                                                                 

Parte VIII


 E Zezinho disse:
-Antes de entrar vamos chamar o M.P. para vir com agente.
 -Esta bem, pode deixar comigo, pois quando você estava mexendo na miniatura eu percebi que avia algum tipo de relógio no meu traje e logo depois me dei conta que era um comunicador!Eu vou chamá-lo!
-Luiguinho, Luiguinho!Se transforme em um rato e sai daí, eu descobri uma passagem secreta par todos nós sairmos dessa aldeia!
-Ok!La vou eu então!
E num piscar de olhos ele virou um rato e saiu o mais rápido possível.
Deu a cerca de 60 km por hora.
Ele então chegou à oca que mantinha a passagem secreta para nossa turma de aventureiros saírem, mas não sabiam o que os aguardava na passagem secreta. Ate que S.T. disse:
-Eu to com um mau pressentimento!
-Qual e Luiguinho!
-Não sei turma, mas não e bom!
Então nossa turma continuou a seguir seu caminho.
No meio do caminho ouviram um barulho estranho que  eles estranharam.E Luiguinho disse:
-Ah não!Parece ser meu mau pressentimento!
E de repente uma cobra apareceu e bateu a cauda bem forte no chão que uma manada de pedra caiu encima de Luiguinho com bastante força. E todos disseram:
 “Luiguinho não”
Parte IX


“Luiguinho não”
E o terremoto para, mas a maioria das pedras cima do Luiguinho e todo mundo se preocupou menos o Zezinho que disse para animar a turma:
-Calma! Esqueceram a habilidade que ele tem!E a super habilidade dele pessoal!
E ele apareceu do nada sem nenhum arranhão ou ferimento grave.
E Ulguinho perguntou:
-como você sobreviveu?
-Simples!Eu segurei a maior pedra com dificuldade, mas ela me protegeu das outras pedras que estavam caindo!
Eles continuaram o percurso bem preparado para o que vir.
Ate que a mesma cobra apareceu de repente e propôs um eniguima e se eles não acertassem perdiam as habilidades!
E ele disse:
O eniguima é:De manhã ande quatro patas!A tarde anda de duas patas!E a noite anda de três patas!
-O que pode ser em pessoal?
E depois diz Zezinho com Pressa:
-Eu já sei o que e!



Parte X

-Só pode ser o que eu to pensando!E o crescimento!
-Por que você acha isso Zezinho?
-E simples gente!De manha a gente engatinha!À tarde a gente já anda de duas pernas!E a noite anda com a bengala!
-Só podia ser! Bem pensado Zezinho!
E seguirão o caminho até que ouviram uma voz esquisita vindo do funda da caverna e Donald falou arrepiado:
-O que será que tem La em baixo pessoal!
-Se tiver diamante La em baixo nós vamos descer!
-Já que não sabemos o que tem La em baixo, e melhor nem ir se não vamos arranjar mais encrenca ok!
-Ta, vamos continuar!
 E então foram eles seguindo seu caminho até chegarem ao final da caverna e acharem outro portal resolveram entrar.
Saíram na praia de onde chegaram e avistaram o barco que usaram para chegar e tio Patinhas disse:
-final da aventura meninos!
Todos entraram no barco e Donald observou e notou que tinha ficado invisível e o tio Patinhas observou que ele soltava espinhos e os meninos ainda estavam com as roupas de super-heróis e seguirão viagem até chegar a Patopolis e esperar outra aventura acontecer.

FIM




  

 
       









      

  





















Caça ao Tesouro




Nossa história se passa em uma cidadezinha campesina e rural de interior, onde moravam dois irmãos chamados João Pedro da Silva e Silva, mais conhecido como Pedrinho, e José Carlos da Silva e Silva, mais conhecido como Juca. Eles eram muito arteiros e adoravam uma aventura serelepe. Sua mãe chamava-se Maria do Socorro Barros da Silva e Silva e seu pai, era somente Zé. A família morava em uma casinha humilde, ao lado de um ribeirão que passava tranquilo como tudo era naquele lugar até aquele dia em que… bem, eu vou contar a história.
Pedrinho e Juca estavam cansados da vida monótona da zona rural e decidiram agitar um pouco as coisas naquele lugar. Eles estudavam na quarta série, em uma escolinha necessitada de uma boa reforma. Lá, eles tinham alguns bons amigos. Mas ninguém se comparava com Maria Clara em termos de bagunça. Talvez por isso é que o três se davam tão bem. Sendo assim, juntos traçaram um plano, que diziam eles infalível, para pôr a cidadezinha de pernas para o ar.
Então, esperaram até domingo, para poderem pôr em prática o seu plano. Domingo de manhã era dia de ir à igreja e o pessoal da cidadezinha não perdia sequer uma missa. Pedrinho, Juca e Maria Clara, fingiram a seus pais, que não haviam aprendido ainda que não deviam confiar naquelas pestinhas, que estavam doentes e não poderiam ir à reza. Então, enquanto todos estavam na igreja, aquelas crianças espevitadas espalhavam por todo o pátio da comunidade alguns mapas falsos de tesouro.
Após a missa, eles foram correndo para a sacristia e ligaram o megafone da igreja para comunicarem a todos o seguinte:
Alô, alô! Ei, pessoár, nóis quer dá uns aviso aqui rapidin! É que a gente somos do projeto Cidade Viva que é um negócio do governo que gosta de levantar o ânimo do pessoar dumas cidade iguar a essa, e nóis iscondemo um tesouro. Istamo distribuindo os mapa e vamo dexá ocêis preucurá a vontade. É só ocêis pegá um mapa desses que istão ispaiado por aí e começar a caçar o dinhero! Quando argúem achar, é só pegá pra ele! É tudo de grátis porque o governo que investiu nisso daqui! Mões as obra, genti!”
Então eles desligaram o megafone e começaram a rir do pessoal que lá fora já estavam que nem doidos procurando o tal tesouro falso.
Eles caíram que nem patas chocas. — disse Pedrinho.
Vamos voltar pra casa, genti! Inhantes que nossos pais discobre! — disse Juca.
Maria do Socorro e Zé chegaram em casa aflitos, chamando as crianças para ajudarem a procurar o tesouro. Juca e Pedrinho continuaram fingindo doentes e disseram que iriam ficar em casa. Então os pais voltaram ao pátio da comunidade para continuarem a procurar. O mapa que as crianças fizeram foi desenhado por Maria Clara, que era uma ótima desenhista, e mimeografado na escola, que tinha poucos recursos para comprar uma xerocadora, mas ficara bem convincente:


Foi uma reviravolta e tanto na cidadezinha. E as crianças estavam adorando assistir a caçada. Depois de meia-hora, mais ou menos, a Dona Felismina de Jesus chegou à catatumba descrita no mapa. Só que ao invés de encontrar o dinheiro prometido, encontrou um bilhete que dizia: “Obrigado por participar desta nossa travessura. Não há nenhum tesouro. Ass.: Juca, Pedrinho e Maria Clara.”
As crianças rolavam de rir, mas a alegria acabou cedo, pois tomaram um grande esporro dos pais e, no final, como castigo, tiveram de doar todo o seu tesouro, todas as suas economias para a igreja e uma parte para Dona Felismina, que afinal de contas, havia ganhado a travessa e imaginária caça ao tesouro.


Giusepe Guimarães












01
Uma Aventura no Labirinto Cibernético

"Convidamos você a viajar neste maravilhoso mundo da leitura....o aluno Giusepe Guimarães, 13 anos,  escreveu um livro apresentando uma versão moderna do Sitio do Picapau Amarelo de Monteiro Lobato, agregando as novas tecnologias às aventuras desta turma. Postaremos aqui para seu deleite,. Acompanhe e poste seu comentário!"


Capítulo I


Era mais um fim de semana que não tinha nada para se fazer. Ninguém on-line, Orkut indisponível, nenhum filme bom na TV, aparelho de DVD pifado, só havia o videogame para se jogar, mas só tinha jogo chato! Então, Emília, a única boneca de pano falante que nunca sai de moda, teve uma ideia. Por que não criar seu próprio jogo para videogame?
         Ela foi correndo pedir ajuda ao Visconde, que mesmo existindo mil computadores, ainda seria sempre o nerd do Sítio:
         — Visconde! Visconde! — gritou a aflita Emília — Eu quero que você me ajude a montar uma máquina que possa criar hologramas gráficos. Quero fazer um jogo para videogame.
         — Agora eu não posso Emília. Estou ocupado consertando a rebimboca da parafuseta deste teletransportador multidimensional.
         — Vai me ajudar, sim, Visconde! — disse Emília. — E pare de usar frases de efeito para fazer os outros de burro. Anda logo, ligue o computador. Adoro Windows Vista!
         Após três semanas, a máquina de hologramas gráficos que Emília apelidou de Ximbriosca já estava pronta. Enquanto Emília, Pedrinho e Narizinho criavam o novo jogo, Visconde trabalhava no seu teletransportador multidimensional.
         Passaram-se dias com a mesma rotina: Emília e as crianças na Ximbriosca e Visconde no seu invento, até que:
         02

— Eureca! Eu terminei! — gritou Visconde, todo eufórico, que havia levado sua mais nova máquina para a sala, onde Emília e Narizinho estavam acabando o jogo e Pedrinho examinava o Pó de Pirlimpimpim.
         — Terminamos também. — anunciaram as crianças.
         De repente, Tia Nastácia entra na sala com uma colher de pau às mãos perseguindo Rabicó que acabara de quebrar seu Juicer Phillips Walita da Polishop. Rabicó, sempre desastrado, tropeça na poltrona azul que faz massagem onde Dona Benta estava relaxando e derruba Pedrinho, que, sem querer, joga um pouco do Pó de Pirlimpimpim para cima. Este, por sua vez, cai dentro do teletransportador multidimensional, onde a mini-turbina lança o pó mágico sobre todos que estão na sala. A esta altura, Rabicó já estava longe! O Pirlimpimpim, juntamente com o teletransportador acionado por alguém misterioso, transporta todos para dentro do jogo da Ximbriosca.
         Já dentro do jogo, que tinha cinco níveis e que se passava dentro do Labirinto do Minotauro, Dona Benta perguntou:
         — Como viemos parar aqui?
         Visconde, que sempre tem uma resposta para tudo, disse:
         — Quando o Pó de Pirlimpimpim caiu junto às entranhas de minha máquina, uma reação que pode ser definida, mais provavelmente, como mágica, se formulou. Resumindo, o Pó de Pirlimpimpim juntou seus poderes com a ciência de minha máquina e dessa junção aconteceu uma reação que foi atraída para o centro do campo magnético emitido pela Ximbriosca. Ou seja, estamos aqui por conta da magia do pó e da ciência da minha invenção. Mas só há um questionamento: quem acionou o teletransportador? — Visconde, quase sem fôlego, parou de falar um pouco para poder pensar no assunto. — Já sei! Só havia duas maneiras de ligá-lo: uma, era o botão vermelho que estava acoplado ao portal de comando, na máquina. A outra seria usando o controle remoto que deixei em meu laboratório! Alguém, muito esperto, e talvez buscando vingança, usou de nossa imprudência e, irrevogavelmente, nos mandou para cá apertando o botão vermelho do controle! Eu, agora, só tenho uma coisa a dizer: isso aqui, mesmo que inacreditável, é real e se nos ferirmos aqui, voltaremos feridos; se morrermos aqui, nunca voltaremos.
         — Não pense nisso! Pense positivo! — disse Dona Benta.
— E como saímos daqui? — perguntou Narizinho, assustada.
         — É só jogarmos o Pirlimpimpim sobre nós e sairemos deste mundo cibernético. — disse o esperto Pedrinho.
       03

         Então, de repente, das entranhas do Labirinto surgiu um enorme e colossal monstro com cabeça de touro e corpo de homem, que, rápido como uma águia, raptou Tia Nastácia. Mas Pedrinho, muito esperto e ágil, jogou para Tia Nastácia o seu iPhone e o Pó de Pirlimpimpim. O terrível e pavoroso monstro voltou para seus domínios levando consigo Tia Nastácia.
         Pedrinho, mais que depressa, pediu emprestado o mega celular de Narizinho e foi tentar se comunicar com a recém-raptada e, com certeza assustadíssima, Tia Nastácia:
         — Alô, Tia?
         — Oi, meu filho! Socorro, meu São Jorge!
         — Tia, para a senhora sair daí, é preciso jogar sobre você uma pitada do pó que está dentro do saquinho.
         — Mas, Pedrinho, aquela coisa horrenda me roubou o saquinho e guardou em seu cofre, pensando que era ouro!
         — Ai, meu Deus!
         — Ai, meu São Jorge!
         — Não se preocupe Tia. Nós vamos salvá-la!
         Dizendo isso, desligou o telefone, e juntos, partiram para as sombrias portas do Labirinto, para a aventura perigosa, para o inacreditável realismo daquele mundo...
         Mesmo que fossem eles quem criou o jogo, era como se tivessem sofrido amnésia: não se lembravam de nada do que haviam criado, não sabiam o que iriam enfrentar...
         Logo que chegaram à entrada, uma névoa os encobriu e uma luz que vinha do horizonte iluminou uma criatura extraordinária: tinha o corpo de um enorme leão; grandes patas com garras e um longo rabo amarelado que terminava em um tufo de pêlos castanhos. A cabeça, porém, era de mulher.



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Capítulo II
Um Enigma

— É uma Esfinge! — gritou Visconde.
            — O que ela faz, Visconde? — perguntou a assustadíssima Emília. — Anda, desembucha!
            — Ela faz um enigma e se não soubermos responder, nos devora!
            — Calados! — ordenou a criatura. — Para entrarem no Labirinto, precisam responder a um enigma. Se errarem, todos perderão uma das sete vidas que tens e eu lhes direi outro enigma e assim sucessivamente. Ao entrarem não terão mais volta, precisarão chegar ao centro do Labirinto para poderem voltar! Isso, se não perderem todas as sete vidas, ou melhor, se não morrerem no caminho!
            — Já sei as regras do jogo, fui eu quem o fez! — mentiu Emília — Sua coisa horrorosa com cara de coruja-seca! — disse Emília, toda espevitada. — Nem sei como pude pôr você no jogo...
            — Cale-se! — gritou a fera. — O enigma é: “É perversa, com ela ninguém pode. Magia, poções e encantamentos ela faz. Em porco, transformou Ulisses, pois transforma humanos em animais. E, finalmente, agora, dicas eu não dou mais. Diga-me como se chama, se não, com seu sangue, farei derrama.”
            — Visconde, é com você! — disse Pedrinho.

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            — Ulisses era um guerreiro grego que participou da Guerra de Tróia. — refletiu Visconde. — Após a derrota de Tróia, obviamente, quis voltar para sua casa e rever a família. Mas houve muitas dificuldades no caminho e ele demorou dez anos para chegar ao seu destino. Uma dessas dificuldades foram as tempestades, que levaram sua embarcação a diversos lugares. Dentre eles, a ilha da temível feiticeira... Eu esqueci o nome!
            — Ah! Não é possível, Visconde! Você nunca esquece nada! Vai esquecer agora? — indagou Emília.
            — Eu não consigo trabalhar sobre pressão! — reclamou Visconde.
            — Vovó, a senhora sabe? — perguntaram Pedrinho e Narizinho em uníssono.
            Dona Benta, mesmo com muita experiência, sempre se embolava nos assuntos de mitologia grega e, assim sendo, balançou a cabeça negativamente.
            — Já sei! Vou pesquisar na Internet! — exclamou Pedrinho. — Narizinho, você me empresta o seu celular?
            — Vai gastar os créditos! — exclamou ela — Só empresto porque sei que se não o fizer morreremos todos. — disse, depois de refletir um pouco.
            Então, Pedrinho pesquisou, pesquisou, pesquisou e... A bateria do celular descarregou!
            — Ah, não! — gritou Emília — Me dá isso aqui! Eu vou fazê-lo funcionar.


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            E depois de dizer isso, arrancou o celular da mão de Narizinho, remexeu em sua canastra, que era um bauzinho do qual ela nunca se desgrudava, e pegou uma varinha de condão.
            — Olha, eu achei isso, faz uns dois anos, quando fomos à Grécia ajudar o Hércules a realizar seus doze trabalhos com a ajuda do Pirlimpimpim. Só me restam duas mágicas para fazer e vou gastar uma delas com essa bobeira. Então, eu acho que da próxima vez que forem falar que eu não faço nada para vocês, pensem duas vezes antes de cometer esse quase suicídio! — disse Emília, toda autoritária.
            — Andem logo, eu não posso ficar aqui a disposição de vocês! — ordenou a Esfinge.
            Depois de a Emília ter carregado o celular com a sua varinha de condão e de Pedrinho pesquisar mais um pouco... Eles acharam!
            — O nome da feiticeira é Circe! — gritou Visconde, muito alegre.
            — Pois já que vocês gritaram o nome dela, vou deixar vocês passarem. E que tenham um bom encontro com a feiticeira mais temida da Mitologia! — disse a Esfinge, um pouco chateada.
            Então, a Esfinge desapareceu assim como tinha surgido, e as portas do Labirinto se escancararam num ritmo sinistro. Todos foram entrando. Pedrinho, Narizinho e Emília, sempre à frente, enquanto Dona Benta e Visconde ficaram um pouco acuados. Os corredores da construção eram ladeados por paredes altíssimas, que iam até onde os olhos de retrós mais aguçados de Emília não podiam ver. Eles andaram um bom tempo pelos corredores intrincados do Labirinto, por muitas vezes sem saída, até que eles avistaram uma enorme porta, tinha uns cinco metros de altura!

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            Ela era decorada com ervas daninhas e tinha a aparência de muita antiga. Então, de repente, labaredas enormes incendiaram-na de cima a baixo, como o mal que se alastra pelas trevas sem fim. E, após um estrondo e muita fumaça, uma mulher com rosto de quem detesta tudo e todos surgiu imponente de seus refúgios num rodopio de capa.

Capítulo III

Dona Benta Se Vai

          — Bem vindos à segunda fase do jogo, onde a sorte será seu único aliado. Eu sou a Feiticeira Circe e acho que todos já me conhecem tendo em vista que minha velha amiga Esfinge elaborou seu enigma com base em minhas maldades. — disse a bruxa, num tom voz de quem acaba de decidir que vai torturar sua presa até a morte em vez de comê-la viva.
          — O que deveremos fazer, hein? Sua bruxa horrenda! — disse Emília, a mais espevitada de todos.
— Nessa fase do jogo vocês deverão passar por aquela porta. — e ela apontou para a enorme porta velha decorada com ervas daninhas com a qual as labaredas ainda se enfureciam, mas nunca a queimando — Mas para isso, vocês devem escolher entre as poções que estão sobre a mesa. — E, com um estalo de dedos, fez aparecer do nada uma mesa com cinco cálices. — Cada cálices daqueles que estão lá, contém uma poção, cada qual com seus efeitos. São duas benéficas e três maléficas. Das benéficas, uma tem o poder de imunizar vocês para que possam passar pelas labaredas que obstruem a porta, o que me derrota e vos faz transpassarem o portal, chegando, assim, ao nível três. A outra benéfica vos transporta direto ao centro do labirinto, onde o Minotauro mantém como refém um de vocês, pelo menos é o que me diz minha bola de cristal. Das maléficas, uma tem o poder de transformar humanos em animais, o que é a minha especialidade. Isso vos deixaria presos aqui para
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sempre, porque animais não pensam e então não poderiam nem tentar sair daqui. Uma outra, vos transporta para o início do Labirinto para responderem à outra charada de minha amiga Esfinge e faz vocês perderem uma de suas sete vidas. E, por fim, a última é um veneno fatal o que faz quem     a beber morrer instantaneamente. E se morrerem aqui, obviamente, não retornam mais para casa. Mas, eu ainda devo frisar mais uma observação: somente um de vocês deve ser eleito para beber a poção que escolherem, mas o efeito e as consequências da mesma serão concedidos e sentidos por todos, até aquela mísera criatura que foi raptada pelo Minotauro.
          — A minha tia não é uma mísera criatura coisíssima nenhuma! — disse Emília, tomando partido da situação. — E eu é que vou tomar a poção.
          — Ah! Já ia me esquecendo… Não bebam mais de uma poção, pois a segunda que for ingerida só fará efeito sobre quem tomá-la, e tenho certeza de que não querem se separar. E agora eu já vou indo, mas logo volto para ver se conseguiram sobreviver. — disse a feiticeira, soltando uma gargalhada.
          — Onde é que você vai? — perguntou Narizinho, tomando coragem.
          — Eu vou atualizar meu blog, mas isso não é da sua conta, menininha metida! — gritou a enfurecida Circe.
          Então, após alguns instantes de um silêncio mortal, a maligna feiticeira da mitologia desapareceu num segundo rodopio de capa e névoa.
          — Vou pegar a minha varinha de condão novamente e gastar a última mágica que me resta. — disse Emília quase aos prantos. A boneca agitou a varinha e três das cinco poções desapareceram.
          — O que você fez Emília? — perguntaram Dona Benta e Visconde.
          — Eu fiz desaparecer as três poções maléficas. Eu sou ou não sou genial?
          — Você se acha Emília! — disse Visconde.
          — Eu não me acho, eu sou! E se eu não fosse, teria muitas pessoas que me procurariam, não precisaria me achar!
          — Que patada! — disse Pedrinho, rindo.
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          — Parabéns, Emília! Você foi sim, genial! — disse Dona Benta.
— Mas não se gabe, pois foi só dessa vez. — completou Narizinho com um tom de voz de quem encerra o assunto.
— Mas, e agora? — perguntou Dona Benta. — O que faremos?
— Agora é só escolher uma dentre as duas poções que sobraram. — respondeu Emília.
— É com você, Pedrinho! Você é que tem sorte! — argumentou Narizinho.
Então, Pedrinho se adiantou, e escolheu a poção que tinha uma cor meio azulada. Emília, muito intrometida, foi até a mesa, pegou a poção escolhida e a bebeu. Estavam todos torcendo para que fosse a poção que os lavaria direto ao centro do Labirinto, pois assim não teriam a possibilidade de morrer no caminho até lá, quando a feiticeira voltou.
Estava cheia de ódio e ira, por conta de Emília que, desfazendo o trato que dizia que a sorte seria o único aliado, usou a varinha de condão para saírem dali. Então Pedrinho, muito esperto, pensou logo que a poção azul era a que dava imunidade total às labaredas, tendo em vista que não os transportou ao centro do Labirinto, e formulou um plano. Mas logo que findou seu raciocínio, a feiticeira já estava lançando feitiços para todo lado. Feitiços estes que quebravam tudo o que encontravam pela frente. Emília, muito esperta, retirou de dentro de sua canastra, um espelhinho que levava para todo lugar. Pedrinho então gritou:
— Para a porta!
E saiu correndo. Emília, Narizinho e Visconde o acompanhando, mas Dona Benta já estava muito idosa e fraca para correr. E então, a feiticeira maligna lançou um feitiço em Dona Benta, mas errou e acertou na mesa de poções. O único cálice de poção que ali estava tornou-se mil pedaços e o líquido foi lançado para cima em várias direções. Uma boa quantidade da poção caiu sobre Dona Benta, que se foi,  transportada para o centro do Labirinto, em meio a um borrão de cor e sombra.
— Não! — gritou Narizinho.
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Mais feitiços eram lançados e um foi lançado na direção de Emília, que, muito esperta, utilizou o espelho que tinha nas mãos para se salvar. O feitiço atingiu o espelho e foi ricocheteado na direção da feiticeira, que estava com sua bola de cristal nas mãos. A bruxa caiu no chão, e a bola de cristal rolou até os pés de Emília. Emília a pegou e guardou-a na canastra. Todos correram para a porta, ainda em chamas, enquanto Circe estava estatelada no chão, desmaiada... ou morta.

Capítulo IV       

Um Ninho de Cobras


Quando passaram pelas labaredas incendiárias, todos sentiram cócegas em vez de dor. E então Pedrinho, que estava na frente, abriu a porta, que apesar de grande era muito leve, e passou seguido por Narizinho, Emília e Visconde. A porta se fechou sozinha, com um estrondo absurdo, e sumiu! Sim, sumiu! Quando se olhava para trás, ao invés de ver-se a porta, via-se o corredor do labirinto, por onde as crianças passaram antes de se encontrarem com Circe.
Mas, olhando agora para frente, as crianças, a boneca e o sábio sabugo, deparavam-se com um trono, como se estivessem em um palácio, mas não havia sinal de coroa, manto ou de cetro, muito menos de rainha ou rei. O que será que eles enfrentariam agora?
— Coitada da vovó! — exclamou Narizinho. — Ela deve estar em apuros!
— Vou verificar se essa bola de cristal funciona mesmo. — disse Emília, apanhando logo a sua canastra para consultar a bola de cristal.
— Como isso funciona? — indagou Pedrinho.
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— De acordo com historiadores da mitologia greco-latina, as feiticeiras usavam as bolas de cristal de um jeito meio que reverencial. — disse o sábio Visconde.
— Uma ova! Até parece que eu vou fazer reverências a uma bola mixuruca, para que ela funcione! — exclamou Emília. — Eu vou é fazer o que todo mundo faz quando a TV pifa!
E deu socos e bofetadas na pobre bola de cristal, ordenando que mostrasse Tia Nastácia e Dona Benta, mas, por espanto de todos, ela funcionou!
Ela mostrava Tia Nastácia cozinhando, mas não do jeito que fazia no Sítio, cantando. Ela estava quase aos prantos. E depois mostrou Dona Benta, que estava lavando e passando para o folgado Minotauro! Mas, também chorando.
— Aquele touro louco com cara de corujão-seco está fazendo da vovó e da Tia Nastácia duas empregadas. — exclamou Emília.
— Pelo menos não estão sendo devoradas! — argumentou Visconde.  — Estatisticamente, isso nos dá mais tempo para salvá-las.
— Pelo menos nisso eu devo concordar com você, Visconde. — disseram Narizinho e Pedrinho.
Então, ao som de trombetas sombrias e misteriosas e silvos e sibilos estonteantes de cobras e serpentes, surgiu-se através do véu que encobria o além-horizonte, uma das criaturas mais temíveis e traiçoeiras da mitologia. Por detrás do trono verde e rubro, uma mulher com um lenço negro envolvendo toda a sua cabeça, se elevou e se sentou no trono. Ao levantar o rosto, observava-se um óculos escuro tampando-lhe os olhos.
— Quem são vocês? — perguntou num tom de voz que muito se parecia com o tom de um assassino estrategista.
— Somos a turma do Sítio, e estamos aqui para...
— Só perguntei quem são! Não quero saber o que vieram fazer aqui. — exclamou a horrível mulher, interrompendo o que Pedrinho ia dizer.
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— O que estão esperando? Vamos, lavem e passem, cozinhem e enxuguem, engraxem os meus sapatos, varram, faxinem, sirvam a sua rainha, seus súditos infiéis e nojentos! — ordenou.
— Rainha?! — indagou a absurdamente espevitada e intrometida Emília. — Não vejo nenhuma coroa e nem cetro, só esse velho e desprezível trono esfarrapado e maltrapilho!
          A horrenda criatura urrou de pura fúria e ira! Todos se assustaram e pularam para trás, exceto Emília, que ainda continuava a achar muito charlatã a mulher que gritava a sua frente. Mas, quando ela voltou a falar civilizadamente, todos se espantaram ao perceber que aquela crise de puro ódio e fúria, não era diretamente para Emília:
          — Aquele meu irmão bastardo nojento e débil mental ousou roubar-me a posição de Rainha do Labirinto! Ao furtar a minha coroa, meu manto e meu cetro, se tornou o rei, direta ou indiretamente, isso não me importa. O que importa, é que ele é um ladrão e eu preciso recuperar meu status antes de me tornar uma mera e insignificante vilã de um joguinho idiota! — gritou a fera. — Mas eu preciso de um plano! Tenho que sair daqui! O cadeado do portão dessa fase tem uma tranca que nenhuma chave abre! Ele só é aberto, se eu cortar um dos fios de meu cabelo precioso e pô-lo na fechadura! — disse para si a criatura. — Mas, outra hora eu resolvo isso. Vamos, comecem a trabalhar! Para a cozinha!
          Em uma cozinha improvisada, as crianças, a boneca e Visconde, estavam tramando um plano, enquanto a maligna mulher descansava sua feiúra, dormindo sentada no trono.
          — Gente, eu acho que já sei! — disse Pedrinho. — É só nós oferecermos ajuda a ela, para sairmos daqui! Mas precisaremos convencê-la a doar um fio de seu cabelo.
          — Mas porque o cabelo dela é tão precioso? — perguntou Narizinho.
          — Não sei. — disse o garoto.
          — E se fôssemos até ela e cortássemos o seu cabelo, enquanto dorme? — perguntou Emília.

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          — Mas ela vai acordar! — exclamou Narizinho. — Não, isso está fora de questão!
          — E se déssemos a ela algo em troca? — sugeriu Visconde.
          — Isso! Mas, o que poderíamos oferecer? — perguntou Emília.
          Todos olharam para a boneca como se o plano fosse oferecê-la em sacrifício.
          — Eu não! — exclamou a assustada boneca.
          — Não você, Emília, mas a sua canastra! — disse Pedrinho.
          — Ah, não! Minha canastra, não!
          — Se quiserem podem oferecer a varinha de condão, pois não vale mais nada!
          — Isso, Emília! Boa ideia! — exclamou Pedrinho.
          — Vamos, então! — disse Narizinho.
          Então, após a criatura ter acordado, eles foram até ela e ofereceram a varinha, mas ela renunciou a oferta. Então Emília ficou brava, e derrubou a canastra sem querer, foi aí que a mulher maléfica viu a bola de cristal e ficou fascinada!
          — Eu quero isso em troca!
          — Está bem, mas tem que jurar que nos ajudará após sairmos daqui também, pois é uma oferta muito acima de suas expectativas! — argumentou Emília, como se fosse uma grande empresária com experiência nos negócios.
          Então todos partiram para o portão de grades que tinha um cadeado enorme em forma redonda.
          — Mas, porque, você fica presa aqui? — perguntou Narizinho.
          — O Minotauro prende todos os vilões do jogo dentro de seus níveis. Não podemos sair, em hipótese alguma, ao menos que nós nos ferirmos ficando assim vulneráveis a ele. — explicou a mulher misteriosa.
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          Então, quando já tinham chegado ao portão, a mulher levou suas mãos à cabeça e, com muita calma, começou a desenrolar o lenço negro. Quando ela retirou o lenço por completo, todos da turma já estavam muitíssimo assustados! Pois, em vez de cabelos, ela tinha na cabeça, um ninho de cobras muito venenosas e agitadas!

Capítulo V

Labaredas e Pedregulhos

            — É a Medusa! — exclamou Visconde.
            — Corram! — gritou Pedrinho.
            — Não, gente. — disse Emília. — Não precisam correr. Eu acredito nela e sei que agora está do nosso lado.
            Narizinho foi a primeira a concordar com Emília seguida de Visconde e, por fim, Pedrinho, que sempre está em alerta.
            — Ouçam a boneca, pois ela está com a voz da razão e da verdade. — disse Medusa.
            Então, de repente, retirou de dentro de suas vestes uma faca! Pedrinho estava agora super alarmado.
            — Acalmem-se! Eu só vou usar essa faca para cortar uma de minhas preciosas amiguinhas!
            Então, as cobras se agitaram e começar a picar o rosto de Medusa.
            — Parem, por favor! Parem! — gritava a angustiada Medusa. O veneno não fazia efeito sobre ela, mas as picadas ardiam e doíam como fogo na pele.

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            Então, mais que depressa, levou a faca à cabeça, e cortou uma das cobras. Um sangue escarlate jorrou durante segundos sem parar, até que cessou. Só assim as outras se acalmaram, pensando que ela cortaria todas. Medusa, então, guardou a faca no interior de suas vestes e colocou a cobra recém-cortada na fechadura e, enfim, o cadeado se abriu!
            Todos passaram pelo portão ladeado com serpentes de metal, que apesar de inanimadas, eram muito parecidas com as reais que estavam agora, novamente, sob o lenço preto.
            — Porque você nunca tira esses óculos escuros? — indagou Emília para Medusa.
            — É para o bem de todos. Não queiram me olhar diretamente nos olhos, virariam estátuas de pura pedra. E, eu acho que deveriam se preocupar com a Hidra de Lerna que os aguarda na quarta fase do jogo, do que se preocuparem com meus olhos malditos.
            — A Hidra de Lerna?! — exclamou Visconde. — É um monstro pavoroso, espécie de serpente de muitas cabeças. Quase ninguém consegue abatê-lo, pois, cada vez que se corta uma de suas cabeças, crescem duas outras no lugar. O único que algum dia conseguiu derrotá-lo foi Héracles, mais conhecido como Hércules.
            — Não se esqueça que agora temos uma aliada, a Medusa. É só ela olhar para a criatura e passaremos de fase. Não é Medusa?
            — Vou fazer o possível. — respondeu ela.
            Então, eles avistaram chamas no horizonte. Estavam cada vez mais perto.
Então, com um rugido de ensurdecer os tímpanos, a criatura se elevou à frente da turma. Narizinho e Emília berraram feito loucas. Visconde só não berrava junto, pois perdera a voz de tanto espanto. Pedrinho fingia-se de valente, mas lá no fundo estava com muito medo. Medusa, nem dava sinal de vida, havia desmaiado de terror! E agora, o plano foi por água abaixo!
A fera lançou chamas de muitos metros. Ela, em si, tinha uns 20 de altura! O pânico se alastrou por todos que viam, ouviam e temiam a fera. Estavam em apuros!
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Emília, recuperando a consciência e a noção do perigo, foi tentar acordar Medusa, mas foi em vão.
Através das patas e cabeças desassossegadas da Hidra, via-se um portal, lá longe...
— Se eu conseguisse passar até lá... — disse Pedrinho para si mesmo.
Emília, então, foi correndo até os portões da fase três e chegou até o improvisado palácio da Medusa. Foi até a cozinha e pegou uma jarra de água, depois passou na sala do trono e pegou uma espada que estava pendurada na parede. Voltou correndo até onde a turma estava. Então, Emília entregou a espada para Pedrinho e jogou a água no rosto de Medusa, para tentar acordá-la, mas não funcionou. Assim sendo, pegou a faca ainda suja de sangue que estava no interior das vestes de Medusa, ainda desmaiada, e disse brandindo-a:
— Vou cortar vocês...
Funcionou! As cobras, muito agitadas, rasgaram o véu e começaram a picar todo o rosto de Medusa novamente, até que ela acordou! Então Emília escondeu a faca e elas se sossegaram.
Então, ouviu-se um estrondo e a cauda da Hidra acertou Pedrinho em cheio, e ele foi atirado longe.
— Não! — gritou Narizinho.
Medusa se adiantou, foi até onde Pedrinho estava segundos antes, e retirou os óculos escuros no momento em que a Hidra lançou chamas em sua direção. A Hidra, então virou pedra, e o fogo que lançava se tornou mero pó.
Gritos de alegria ecoaram pelo Labirinto, até que todos viram que a estátua da Hidra ia desabar e Pedrinho ainda estava inconsciente! Visconde e Narizinho correram até Pedrinho e, com muito esforço, conseguiram levantá-lo do chão. Todos foram correndo até o portal de madeira muito velha. Mas, Emília, que estava atrás, foi acertada por um pedaço de pedra dos que já desabavam, muito pequeno comparado aos outros que iriam despencar. Medusa então gritou para Visconde e Narizinho:
— Corram! Eu vou buscá-la!
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E voltou até Emília, pegando-a no colo com a maior facilidade, pois era feita de pano. Narizinho e Visconde, que carregavam Pedrinho, já haviam passado pelo portal, quando Medusa e Emília chegavam lá. Depois que passaram, puderam ouvir a estátua da Hidra despencar. Era um barulho absurdamente alto.
Depois de Narizinho, Visconde e Medusa se recuperarem do susto, foram tentar acordar Emília e Pedrinho. Deram tapinhas no rosto, mas não funcionou. Então Narizinho lembrou-se de uma coisa:
— Só tem uma coisa que acorda Pedrinho de manhã. É o despertador do celular! — disse ela, pegando seu celular e colocando o alarme para tocar.
Por mais incrível que pareça, a ideia funcionou! Pedrinho acordou assustado, dizendo para todos correrem, então Narizinho o acalmou. Mas Emília ainda estava inconsciente. Então Narizinho esticou seus braços, estalou seus dedos, como fazem os pianistas antes de tocarem, e começou a fazer cócegas na boneca. Cócegas, cócegas e mais cócegas, até que Emília acordou gargalhando, quase pondo seu enchimento de macela para fora.
— Agora, me agradeçam e até me reverenciem, pois fui eu quem acordou Medusa. Fui eu quem salvou a todos. — disse a Emília de sempre, fazendo os outros rirem.
Tudo estava alegre, até que, caminhando, avistaram uma névoa sombria.

Capítulo VI

O Palácio Negro e o Serviçal

— Já estamos no centro do Labirinto. — disse Medusa.
— Chegamos à última fase do jogo com só duas vidas perdidas. — disse Visconde.
— Por quê? Perdemos duas vidas?! — perguntou Narizinho.
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— Pedrinho e Emília se machucaram, não se lembra? — respondeu ele.
— Ah, é mesmo!
Então, eles atravessaram a névoa e avistaram um imponente palácio todo em granito negro. Eles subiram as escadarias e chegaram às portas duplas de pura madeira maciça. As portas se abriram como se fossem mágicas ou automáticas. O saguão de entrada estava totalmente deserto. Não se via ninguém.
Então eles partiram para a direita, onde havia um elevador. Já dentro dele, viam-se muitos botões, um deles chamou a atenção: Cozinha. Pedrinho o apertou então, e o elevador começou a subir. Enquanto subiam, Narizinho falou:
— Estou nervosa! É muito estranho não encontrarmos ninguém.
— Meu irmão bastardo é muito solitário, não se assuste se não vir nenhuma alma viva nesse palácio durante muito tempo.
O elevador parou, abrindo as portas de aço. Todos saíram e ouviam o ruído do óleo na panela. Alguém estava fritando algo. Então, veio um cheiro de bolinhos de chuva, e eles avistaram Tia Nastácia. Ela deu um pulo de alegria e correu até eles, dizendo:
— Meu São Jorge, vocês vieram mesmo. Mas tomem cuidado com aquela coisa, porque ele é muito malvado. Fez Dona Benta ficar passando e lavando… — ia dizendo ela até que viu Medusa e seus preciosos cabelos. — Aaahhh! O que é isso?! Corram crianças!
— Calma, Tia. Ela é nossa amiga agora. — disse Emília.
— Não sei não… Eu, hein!
Todos seguiram para o elevador novamente e Pedrinho apertou o botão Lavanderia. Enquanto esperavam, Narizinho perguntou:
— Tia, a senhora não tem medo de elevador?
— Eu não, minha filha! Não sou mais aquela velha medrosa, não. Eu agora sou da galera, antenada, ligada em tudo! Tecnologia é a minha praia! — disse Tia Nastácia, fazendo todos rirem.
O elevador parou, abriu as portas e eles saíram. Dona Benta fez igual à Tia Nastácia. Deu um pulo de alegria e correu até eles. E também se assustou
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com Medusa, mas dessa vez foi Narizinho quem a acalmou. Por incrível que pareça, disse também que agora tecnologia era sua praia.
— Eu acho que todo esse pânico concentrado afetou seus cérebros! — disse Emília à Tia Nastácia e Dona Benta.
Pedrinho então procurou um botão interessante e achou um: Sala do Trono. O elevador agora subiu, subiu, subiu mais um pouco e chegou. Abriu as portas e mostrou um lugar todo decorado com véus vermelho e preto. Pedrinho disse:
— O Minotauro é flamenguista!
— Mesmo assim ele não é menos amigável. — disse Medusa.
Todos foram andando sorrateiramente, bem escondidos atrás de um enorme móvel decorador e então ouviram:
— Vá até meu cofre e pegue aquele saquinho de ouro que pus lá recentemente e traga-o aqui para mim, AGORA! — ordenou uma voz rouca e grave, que segundo Medusa era o Minotauro.
Pedrinho pediu a Tia Nastácia seu iPhone de volta e o deu a Visconde dizendo:
— Visconde, siga aquele servo que o Minotauro mandou ir ao cofre e consiga dele o Pirlimpimpim, por favor. — pediu Pedrinho, muito diferente do que disse o Minotauro a seu empregado. — Use este celular para fazer contato comigo.
Visconde assentiu e foi.
— Medusa, você não queria sua coroa, seu cetro e seu manto de volta? — perguntou Pedrinho.
— Sim.
— Então vá até o Minotauro e transforme-o em pedra.
— Não dá. Meus poderes não funcionam contra alguém que esteja usando os Três Elementos Reais, eles são mágicos e dão poder de imortalidade a quem os usa.
Então, Pedrinho pediu novamente o celular de Narizinho emprestado e ligou para Visconde:
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— Alô, Visconde?
— Sim.
— Você já chegou ao cofre?
— Sim.
— Então me responda uma coisa, o que você vê por aí?
— Vejo muitos tesouros, ouro e pedras preciosas. Tem também um enorme porta-chaves. O saquinho de Pirlimpimpim já está comigo.
— Ótimo. Mas e o que você fez com o servo do Minotauro?
— Ele é pacifista, mas quer uma revolta contra o Minotauro, ele está do nosso lado. Quando chegar conto mais dele para vocês.
— Então está bem. Não demore. Tenho que desligar agora.
E Pedrinho desligou o telefone. Minutos depois, Visconde chegou, trazendo o saquinho com o pó de Pirlimpimpim, acompanhado do servo que se chamava Tântalo.
— Corram! É a Medusa! Corram! — exclamou Tântalo sussurrando, mas assustado.
— Calma! Ela está do nosso lado! — tranqüilizou-o Emília.
Então Visconde entregou o Pó de Pirlimpimpim a Pedrinho.
— Andem, agora voltem para casa! — disse Medusa.
— Não! Nós prometemos lhe ajudar a ter de volta seu posto de rainha, e vamos cumprir a promessa. — disse Emília.
— O que você ia dizer-me sobre Tântalo? — perguntou Pedrinho.
— Ah, sim! — lembrou Visconde — Bem... — começou ele — É melhor que ele mesmo conte. — disse, passando a palavra a Tântalo.
— Sou filho de Zeus com a princesa Plota. Fui o rei da Frígia, casado com Dione. Tive três filhos com ela: Níobe, Dascilo e Pélope. Certa vez, ousando testar a onisciência dos deuses, roubei os manjares divinos, que são a Ambrosia e o Néctar, e servi-lhes a carne de meu próprio filho, Pélope. — disse ele, perceptivelmente arrependido, arrancando exclamações de toda a
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turma. — Como castigo, fui posto aqui, para ser servo do Minotauro durante todo o resto de minha vida. A expressão “suplício de Tântalo” faz referência ao que eu passo por aqui: desejo algo aparentemente próximo, por exemplo, a minha liberdade, porém, inalcançável.
— Puxa! — exclamou Narizinho.
— Mas agora estou arrependido e sinto que com vocês me ajudando talvez eu possa finalmente sair daqui. — terminou Tântalo.
— Então como é o plano? — perguntou Emília, mudando de assunto tão drasticamente que o resto da turma levou alguns instantes para voltar à realidade.
— O Minotauro mantém as Moiras presas nas masmorras. — começou Tântalo.
— Quem são essas Moiras? — perguntou Narizinho.
— São as três deusas do destino. Cloto, a fiandeira, tece o fio da vida de todos os seres, desde o seu nascimento. Láquesis, a fixadora, determina-lhe o tamanho e enrola o fio, estabelecendo o tamanho e a qualidade de vida que cabe a cada ser. E Átropos, a inexorável, corta o fio, quando a vida que o mesmo representa chega ao fim. — explicou Visconde, todo pomposo.
— Como eu estava dizendo, — continuou Tântalo. — o Minotauro prendeu essas deusas e roubou-lhes o fio que representa a sua vida, na esperança de se tornar imortal, o que é um plano inteligente, pois enquanto Átropos não cortar o fio da vida do Minotauro, ele não morre. O nosso plano é o seguinte: vamos roubar o fio da vida do Minotauro e levaremos até as Moiras, nas masmorras, a fim de que Átropos corte o fio com a sua tesoura mágica.
— Mas há um problema. — começou Medusa — Quem está usando os Três Elementos Reais não pode ser morto.
— Mas as Moiras e a tesoura de Átropos têm poder hegemônico sobre tudo e todos. — tranqüilizou Tântalo.
— Mas onde é que está esse fio? — perguntaram Dona Benta e Tia Nastácia.
— Enrolado em um dos carretéis de Láquesis, dentro de um baú trancado a sete chaves, atrás de uma estante falsa, na biblioteca, onde, por sorte nossa, o Minotauro nunca entra, pois odeia livros.
— Como sabe? — perguntou Pedrinho.
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— O Minotauro é sonâmbulo. Fala enquanto dorme. — respondeu Tântalo.
— E você está com todas essas chaves de que precisamos? — perguntou Emília.
— Elas estão todas no cofre. Por muito tempo esperei que o Minotauro me mandasse fazer algum serviço lá, pois assim me daria a chave e eu poderia, na hora de devolver, trocar de chaves, ficar com a do cofre e dar a ele a do banheiro, por exemplo. Ele não é muito inteligente, acha que ninguém se voltaria contra ele, então nunca está em alerta. — disse Tântalo.
— A primeira fase do plano é justamente trocar as chaves, então? — indagou Medusa.
— Sim. — respondeu Tântalo.
— Então vamos! Não quero me encontrar com aquela coisa horrenda novamente. — reclamou Tia Nastácia, sendo concordada por Dona Benta.
Então, todos partiram para o cofre. Chegando a frente dele, puderam ver sua entrada, que era um círculo de aço acinzentado, fazendo contraste com o fundo de granito preto.
— SERVIÇAL! Onde está você, seu lerdo! — gritou o Minotauro enfurecido.
Então Tântalo entregou a Pedrinho a chave do cofre, disse para eles o esperarem e retirou do bolso interno do seu paletó de mordomo uma chave quase idêntica a que tinha acabado de entregar a Pedrinho e um saquinho muito semelhante com o do Pirlimpimpim cheio de um pó que parecia ouro. Quase aos saltos, foi correndo à Sala do Trono, no mesmo andar do cofre, entregar a falsa chave ao Minotauro:
— Desculpe-me pela demora, supremo senhor! — e resolveu inventar uma mentira para poder convencê-lo. — É que eu estava verificando se aquela velha já havia acabado de faxinar o cofre.
O Minotauro nem se deu conta de que estava sendo enganado. Tântalo voltou até o cofre, onde a turma o esperava. Pediu a chave a Pedrinho e enfiou-a na fechadura. Assim que a retirou, eles puderam ouvir ruídos de algo mecânico se movimentando pelo lado interno da porta de aço puro. E então, a porta enorme se abriu mecanicamente, deixando-se ver um brilho intenso de ouro e, em cima de uma prateleira, um porta-chaves enorme. Pedrinho e Tântalo foram buscá-lo. Com muito esforço retiraram-no de seu lugar e Tântalo pegou um molho de chaves.
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Capitulo VII
Um Mar de Livros e Trancas

Então, eles saíram do cofre, e foram em direção a biblioteca. Entraram no elevador e Narizinho apertou o botão correspondente ao lugar que queriam ir. Enquanto desciam, Medusa perguntou para Tântalo:
— Só você que trabalha aqui?
— Não. Tem ainda quatro faxineiras gerais, que vêm as terças e quintas na parte da tarde; uma cozinheira, que foi despedida após a chegada da Nastácia; e outro mordomo. Todos não estão trabalhando aqui, pelo menos hoje, que é domingo, o dia que só eu trabalho, por razão do castigo que foi imposto a mim. — respondeu Tântalo.
Então, as portas do elevador se abriram e eles se depararam com um corredor que para a direita, parecia não ter fim, e que para a esquerda, parecia ser infinito. Mas à frente, via-se uma porta dupla, não menos escura do que as paredes.
Tântalo se adiantou, abriu as portas e todos se depararam com livros e mais livros. A biblioteca era uma sala retangular, com teto alto, cheia de estantes igualmente altas, que chegavam até onde os olhos não podiam ver. Ao fim da grande sala, via-se uma janela comprida, coberta por cortinas vermelhas de aspecto pesado. Entre o chão e a janela, enxergava-se um sofá marrom, daqueles antigos, mas que passavam a impressão de pertencer a um lugar refinado e com requinte.
— Venham, precisamos achar a estante falsa.
— O quê?! Você não sabe qual delas é a que procuramos?! — indagou Emília. — Ah, mas eu não procuro mesmo! Aonde já se viu! Uma pessoa propor um plano e não saber ao menos como realizá-lo! Mas é o fim do mundo!
— Não repare Tântalo. Ela tem um gênio forte. — disse Narizinho.
Mas Emília cumpriu o que havia dito. Foi direto ao sofá e se sentou, cruzou as pernas, e ficou lá, fazendo pose. Não ajudou a procurar.

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Parecia uma tarefa difícil, mas como eram muitos, mesmo sem contar com a Emília, acharam a estante falsa em apenas alguns minutos. Eles só tiveram que dar “pancadinhas” nas estantes para ver qual era oca.
Tântalo pegou novamente o molho de chaves, e saiu derrubando todos os livros da estante tanto procurada. Até que um livro ele não conseguiu derrubar, pois ele estava preso. Na verdade, não era um livro, era uma espécie de fechadura disfarçada. Com um leve puxe, ele abriu a lateral do livro e deixou à vista um buraquinho pequeno, onde enfiou uma das chaves. A estante girou e todos viram um baú de aspecto normal, mas que era na verdade, um baú com sete trancas.
Tântalo, então abriu a primeira tranca, usando outra chave do molho. E então, uma névoa os encobriu, saindo do baú. Todos ficaram sem enxergar nada durante alguns minutos, pois a estratégia da névoa era fazer quem abria o baú perder as chaves. Uma estratégia que, por sorte, falhou.
Depois que Tântalo abriu a segunda tranca, bichos voadores, parecidos com beija-flores, saíram de dentro do baú e começaram a picá-los com seus bicos alongados e pontiagudos. Todos saíram correndo pela biblioteca inteira, até que Emília teve a idéia de abrir as cortinas e as janelas, para os bichos saírem.
E assim foi… A cada tranca aberta, uma estratégia do próprio baú. Mas quando, finalmente, Tântalo abriu a última tranca, o baú se esvaiu em fumaça e só deixou o pequeno carretel de madeira envelhecida pelo tempo. Em volta do mesmo, havia um fino fio enrolado. O fio era de cor branca meio prateada e reluzia com sua luz própria. Ali estava, nas mãos de Emília, como sempre a mais intrometida da turma, o Fio da Vida do Minotauro.
— Agora, nós só precisamos ir até as masmorras para podermos entregar esse fio às Moiras. — refletiu Medusa.
— Mas e o que iremos enfrentar? Vai ser tão fácil assim? — debochou Pedrinho.
— Espero que as guardas das masmorras não estejam lá hoje… — disse Tântalo.
— O quê?! — exclamou Tia Nastácia.
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— Sim. — começou Tântalo. — O Minotauro pôs três guardas nas masmorras para vigiarem os prisioneiros. As Erínias. Elas são as personificações da vingança e buscam o arrependimento e o remorso do pecador só para si.
            — Alecto, eternamente encolerizada. Encarrega-se de castigar os delitos morais como a ira, a cólera, a soberba, etc. É a Erínia que espalha pestes e maldições. Segue o infrator sem parar, ameaçando-o com fachos acesos, não o deixando dormir em paz. — começou a explicar Visconde.  — Megera, que personifica o rancor, a inveja, a cobiça e o ciúme. Castiga principalmente os delitos contra o matrimônio, em especial a infidelidade. É a Erínia que persegue com a maior sanha, fazendo a vítima fugir eternamente. Grita ininterruptamente nos ouvidos do criminoso, lembrando-lhe das faltas que cometera. E Tisífone, a vingadora dos assassinatos. É a Erínia que açoita os culpados e enlouquece-os. As Erínias são forças primitivas da natureza que atuam como vingadoras do crime, só se satisfazendo com a morte violenta do homicida. — terminou Visconde, arrancando exclamações de toda a turma.
— Nossa! — exclamou Dona Benta. — Mas elas são malvadas mesmo!
— Claro! — disse Tântalo. — Mas só fazem mal a quem merece a tortura delas.
— Ai, que bom! — disse Tia Nastácia.
— Só que podem te apavorar, já vou avisando!
— Ah, gente! Não se preocupem, pois agora temos como aliada a Medusa, que também é uma criatura mitológica. Sem ofensas, Medusa. — tranqüilizou-os Emília.
— Sim… mas eu mereço a maldição de Alecto, o rancor e os berros castigadores de Megera e o açoite de Tisífone… — disse a extremamente apavorada, Medusa.
— Não fale assim! — disse Narizinho.
— Mas quantos que eu já matei? Empedrei? Foram muitos! — explicou-se Medusa.

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— Ah, não se deprima, pois agora você está ajudando a gente. — disse Dona Benta.
— Acalme-se, Medusa. Pois as Erínias são convocadas pela maldição lançada por alguém que clama vingança. Só te perseguirão, se alguém que você prejudicou chamá-las para poderem castigá-la. E os prejudicados por você, agora são só meras estátuas, não podem pedir vingança. — disse Tântalo.
— E também, quando as Erínias chegarem perto de você, transforme-as em pedra! — sugeriu Emília.
— Ei! Esse é um bom plano! — exclamou Tântalo. — Só assim conseguiremos espantá-las!
— Mas é possível eu transformar as Erínias em pedra? As criaturas que personificam a vingança? — perguntou Medusa.
— Claro! Mas elas ficarão como estátuas de pedra por pouco tempo… duas horas, mais ou menos. — disse Tântalo. — Só que enquanto estão como pedra, podemos destruí-las de um modo que está descrito nas escrituras de meus antepassados: incendiar seus corpos. Depois de virarem pedras, é só jogarmos um isqueiro por sobre as estátuas!
— Mas você tem um isqueiro? — perguntou Pedrinho.
— Não, mas na cozinha deve ter.
— Eu tenho um aqui. — disse Tia Nastácia, enquanto colocava a mão dentro do bolso do avental que ainda não tirara, e retirava um isqueiro.
— Mas seria bom se conseguíssemos um acordo com elas. — disse Dona Benta. — Não gosto muito dessas coisas de matar e incendiar e coisa e tal.
Seria bom… — disse Tântalo desesperançado. 



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Capítulo VIII
A Ampulheta das Erínias

Então todos partiram para o elevador. Dessa vez o botão apertado foi: Subsolo. Depois de descerem e as portas se abrirem, eles chegaram a um lugar que mais parecia uma enorme garagem de um Shopping Center, do que uma masmorra, onde se encontravam os prisioneiros do Minotauro. Só que o lugar estava vazio, para uma garagem.
— Mas é uma garagem! — exclamou Emília.
— Sim, mas as masmorras não têm acesso pelo elevador. Deveremos partir a pé daqui. — explicou Tântalo.
— Mas, porque o Minotauro tem uma garagem? E tão enorme? — perguntou Narizinho.
— Esse palácio nem sempre foi do Minotauro. Quando eu era a rainha, eu mandei construir isso daqui por pura vaidade. Ter uma grande garagem fornece circunstâncias para se comprar carros cada vez mais caros e chiques, que era o que eu gostava: queria ser melhor e maior que tudo e todos! O luxo era o meu mundo. A mordomia e o conforto eram tudo para mim. É claro que agora eu mudei. Com vocês, pude ver que as melhores coisas do mundo são conseguidas através de suor e força de vontade. Não estou mais fazendo isso para derrubar de vez o Minotauro, mas agora já é uma questão de gratidão por me fazerem abrir os olhos. — explicou e refletiu Medusa.
— Obrigado! — disse a turma, sempre bem-educada.
— Mas, agora, vamos! Temos de chegar até as Moiras! — disse Tântalo.
E então, eles seguiram em frente. No final da garagem, havia uma entrada, mas sem porta, somente mesmo o buraco retangular na parede e a escuridão total que se via à frente. Tântalo pegou o isqueiro que Tia Nastácia lhe entregara, pediu aos outros que esperassem um pouco e avançou na escuridão. Após alguns segundos, ele acendeu um archote que estava pendurado na parede com o isqueiro e chamou os outros para acompanhá-lo.
O túnel em frente era uma rampa. Todos foram descendo-a, guiados pela luz bruxuleante que emanava do archote que revezava nas mãos de Pedrinho e de Tântalo, pois apesar de coberto, era quente. Após alguns minutos de apreensão, Emília quebrou o silêncio:
— Vai demorar? — sussurrou.
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— Já passamos da metade. — disse Tântalo.
Quando se olhava para trás, via-se somente trevas. De repente, Dona Benta tropeçou, alarmando Tântalo a acender outro archote, para poder iluminar mais ainda o túnel que parecia não ter fim. Passou a tocha recém-acesa a Visconde, que por sua vez, revezou com Medusa.
E então, todos avistaram uma entrada idêntica à que estava lá em cima, na garagem, um buraco retangular na parede. Só que desta vez era iluminado por dentro: uma luz fraca e bruxuleante, vinda provavelmente de archotes pendurados nas paredes. Todos transpassaram o portal e depararam-se com uma grande “sala” quadrangular, vazia, mas que passava uma estranha sensação de que alguém os vigiava. Tinha um teto alto que ia até onde a luz dos archotes não conseguia iluminar. Parecia um saguão de entrada, mas nada aconchegante. Havia uma porta fechada de madeira maciça preta como carvão na parede oposta ao túnel. Pedrinho e Visconde apagaram os archotes e todos ficaram em silêncio, esperando. Então ouviram:
— Detesto esse trabalho! — reclamou uma voz estridente, meio rouca. Vinda de um lugar não muito distante, depois da porta preta.
— Mas temos uma dívida com o Minotauro e temos de pagá-la. — disse outra voz igualmente estranha.
— Mas o pagamento tinha que ser assim? Fala sério! — exclamou uma terceira voz.
— Nossa, mas que fedor é esse? — perguntou a segunda voz.
— Parece cheiro de… — começou a terceira.
—… humanos! — terminou a primeira.
— Arrggh! — rosnaram as três vozes em uníssono, deixando os tímpanos da turma meio abalados.
            Então, com um baque ensurdecedor, a porta, que tinha um aspecto de muito pesada, de repente se soltou de uma das dobradiças e dependurou-se contra a parede, por pouco não desabando ao chão. Após o susto, a turma viu três vultos ultrapassarem o portal recém-destruído.
Eram criaturas horríveis: tinham uns três metros de altura, uma face ofídica, as orelhas eram somente buracos nas cabeças desproporcionais, e tinham asas de morcego gigantes, sem falar nos caninos enormes que saltavam para fora do orifício que era chamado de boca. Uma tinha um facho
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aceso às mãos; provavelmente era Alecto. Outra tinha um chicote; era a Tisífone. E a terceira, Megera, não segurava nada.
— O que vocês fazem aqui? — perguntou brutalmente Tisífone.
— Viemos nos encontrar com as Moiras. — disse Pedrinho, corajoso.
— Mas vocês não podem entrar nas masmorras! — disse Megera com uma voz de escárnio.
— A não ser... — começou Alecto.
—... que paguem um preço. — terminou Tisífone.
— Que preço? — perguntou Tântalo.
— Terão que nos dar algo em troca. — respondeu Megera.
— E se nós as livrássemos desse trabalho ridículo? — disse Emília, bolando um plano.
— Como vocês fariam isso? — perguntou Alecto um pouco interessada.
— Nós queremos nos encontrar com as Moiras para podermos convencê-las a tirarem a vida do Minotauro. — disse Medusa, entendendo o pensamento de Emília.
— E assim, vocês estariam livres da dívida. — terminou Emília.
— Como vocês sabem que temos uma dívida com o Minotauro? — perguntou a nervosa Tisífone.
— Bem… é que nós estávamos no caminho para cá, e ouvimos vocês falarem, quando estavam lá dentro ainda… — disse Narizinho.
— Então, querem propor um acordo? — perguntou Alecto.
— Sim. — respondeu Visconde.
— Então está bem, mas vocês têm meia hora. — disse Megera.
— Vocês entram, conversam com as Moiras e convencem-nas, o que será difícil. Depois podem sair ilesos, mas se não conseguirem convencer as Moiras… — disse Tisífone.
— Nós vamos conseguir! — disse Tia Nastácia, positivamente.
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E então, Tisífone fechou as asas, como se estivesse dando um abraço em si mesma. Névoa começou a surgiu do nada. O fogo dos archotes pendurados nas paredes começou a bruxulear ainda mais. E então, tudo parou quando ela afrouxou o “abraço”. A névoa se dissipou, o fogo voltou a bruxulear normalmente. Mas, quando ela abriu as asas, no lugar que deveria estar somente ar, havia uma sinistra ampulheta negra flutuando. Tisífone pegou-a e entregou a Tântalo. Dentro da ampulheta, no lugar de areia, havia algo que parecia sangue em pó. Vermelho como tal. Mas, apesar da ampulheta ser algo antigo, ela continha um relógio digital acoplado a ela. Ele marcava: 00h00min.
— Como eu havia dito, vocês tem meia hora, contando a partir do momento que forem ultrapassar aquela porta, até o momento que Átropos descer a lâmina de sua tesoura mágica sobre o fio da vida do Minotauro. — disse Megera.
— Vamos esperar aqui, nesta sala. — disse Alecto.
Então, sem acreditar que tinham um acordo com as criaturas que personificam a vingança, ultrapassaram o portal recém-destruído.

Capítulo IX

Três Senhoras Telepatas

Mergulharam em uma escuridão total. Só havia a luz sinistra da ampulheta, que estava nas mãos de Tântalo, e que agora estava marcando o tempo. Pedrinho fez a mesma coisa que Tântalo havia feito: pegou o isqueiro e dois archotes apagados na parede e acendeu-os. Ficou com um e entregou o outro a Visconde, que estava logo atrás. Pedrinho foi à frente, iluminando o caminho. Era, novamente, um túnel, só que desta vez não era em declínio, era plano.
Depois de andarem um pouco, Emília disse:
— Gente, eu acho melhor andarmos mais depressa, pois não quero nem pensar em quando esse tempo acabar.
— É mesmo. — disse Medusa.
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E então, fizeram o que foi proposto pela Emília.
— Ai, que bom que conseguimos um acordo com aquelas criaturas. — disse Tia Nastácia.
— É… agora não precisamos nos preocupar em matá-las. — concordou Dona Benta.
Logo chegaram a um lugar sombrio e frio. Era pouco iluminado, mas não se sabia o que o iluminava. Havia portões para todo lado que se olhava. Portões de madeira maciça, com uma gradezinha retangular, parecida com uma janela de cela de prisão. Em cada portão, havia um número. Muitas vezes não conseguia decifrar-se o número, pois a madeira já estava sendo consumida pelo tempo.
O relógio digital da ampulheta marca: 00h10min.
Eles foram adentrando as masmorras, enquanto Tântalo dizia:
— As Moiras ficam na masmorra de número 27.
— 4… 10… 13… 15… 18… 22… 26… 27! Chegamos! — disse Narizinho.
— Quem fica atrás dos outros portões? — perguntaram Dona Benta e Tia Nastácia.
— Não é quem fica, é o que fica. Nem queiram saber, pois algumas estão vazias, mas às vezes, outras são de horrorizar. — respondeu Tântalo.
O relógio digital da ampulheta marca: 00h15min.
Tântalo verificou pela gradezinha se era a masmorra certa. Após confirmar que sim, Tântalo puxou novamente o molho de chaves e pegou uma especial, bem velha, bem deteriorada, que continha a palavra: “Moiras”. Girou-a na fechadura, e o portão se abriu.
A turma viu uma cena ao mesmo tempo esquisita, sinistra, sombria, excepcional, e que dava pena. Três pobres velhinhas sentadas em tamboretes consumidos pelo tempo, como tudo que era de madeira por ali. Uma, tinha um fuso, onde fiava sem parar. Era Cloto. A segunda tinha um baú cheio de “carretéis nus” ao seu lado, de onde pegava um carretel e enrolava nele, o fio prateado de brilho próprio que Cloto havia tecido. Após enrolar o fio no carretel, guardava-o em outro baú. Quando o primeiro baú se esvaziava, surgiam mais e mais “carretéis nus”. Era Láquesis. E a última, segurava com esforço uma grande tesoura dourada, com aspecto de antiga. Quando decidia que a vida de

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um ser já tinha de acabar, pegava um dos carretéis, desenrolava-o um pouco e fechava as lâminas da tesoura por sobre o fio prateado, que perdia todo o seu brilho no mesmo instante. E depois jogava o fio inútil em uma espécie de lixeira e o carretel no primeiro baú de Láquesis. Era Átropos.
Quando Tântalo cruzou a soleira do portão, Átropos, Láquesis e Cloto, viraram as cabeças para olhar, mas não pararam o trabalho árduo.
“Olá… quem são vocês e o que vieram fazer aqui?”
Todos ouviram alguém dizer, com certeza era uma das Moiras, pois a voz pareceu soar dentro de cada mente da turma, e não ecoar na masmorra silenciosa. Mas nenhuma delas mexeu a boca.
— Eu sou Tântalo, filho de Zeus com a princesa Plota. E esses são a turma do Sítio. — apresentou-os Tântalo para as Moiras. — Viemos até aqui para propor um acordo.
“Que acordo?”
Disse a voz novamente. Era uma voz parecida com a de Dona Benta: carinhosa, sensível e que passava para quem a ouvisse uma sensação de que tudo está bem. Mas nenhuma das deusas do destino parou de trabalhar.
— Estamos com o fio da vida do Minotauro, que ele apanhou de vossas divindades. —disse Visconde. — Propomos que quando o entregarmos, Átropos corte-o para que o Minotauro se esvaia em fumaça. Assim, ficarão livres e poderão voltar para seus refúgios.
“Se vocês não repararem, nós iremos pensar um pouco sobre o assunto…”
— Claro. — disse Tântalo.
Enquanto as Moiras conversavam entre si, utilizando a técnica de telepatia, mas nunca parando de trabalhar, Emília perguntou a Tântalo:
— Como funciona esse “negócio” de falar dentro de nossas mentes, sem mesmo mexer a boca?
— É que elas são deusas, Emília. E, por favor, mais respeito quando for falar delas ou com elas. — respondeu Tântalo.
O relógio digital da ampulheta marca: 00h25min.
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“Mas como voltaremos para nossos refúgios? Não podemos parar de trabalhar.”
— O nosso amigo aqui tem um pozinho poderoso que transporta qualquer coisa para o lugar requerido. — disse Medusa, apontando para Pedrinho.
— É o Pó de Pirlimpimpim. — disse Narizinho.
“Esse problema está resolvido então.”
Depois disso, uma voz diferente soou por telepatia, era Átropos:
“Dê-me o carretel do Minotauro.”
Então foi aí que Tântalo percebeu que o carretel não estava mais com ele! Devia ter deixado cair no túnel.
Pedrinho e Tântalo saíram correndo desabalados pelas masmorras.
O relógio digital da ampulheta marca: 00h26min30seg.

Capítulo X
E Então, O Fim

Chegaram à escuridão. E, lá no fim do túnel, brilhava uma luz prateada quebrando todo o breu. Correram mais para apanhá-la.
O relógio digital da ampulheta marca: 00h27min.
Pegaram o carretel e continuaram a correr. Corriam e corriam até que Pedrinho tropeçou e caiu. O carretel saiu rolando e entrou por debaixo do portão da masmorra de número 21. Tântalo pegou o molho de chaves e começou a procurar a sua única esperança. Achou. Olhou pela gradezinha torcendo para não ver algo assustador e vislumbrou o vazio. Dando graças aos céus, girou a chave na fechadura, abriu o portão e pegou o carretel. Continuaram a correr.
O relógio digital da ampulheta marca: 00h28min30seg.
Masmorra de número 22… 23… 24… 25…
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O relógio digital da ampulheta marca: 00h29min.
26... e 27. Chegaram. Adentraram a masmorra das Moiras, suando frio por quase não chegarem a tempo.
O relógio digital da ampulheta marca: 00h29min30seg.
Tântalo entregou o carretel para Átropos.
O relógio digital da ampulheta marca: 00h29min35seg.
Átropos, com sua calma típica de deuses, pegou a tesoura mágica, abriu as lâminas…
O relógio digital da ampulheta marca: 00h29min45seg.
Desenrolou um pouco o fio do carretel… A turma toda apavorada e aflita.
O relógio digital da ampulheta marca: 00h29min50seg.
E então, o fim.

Capítulo XI

A Verdade, a Partida e uma Declaração

Quando todo o fio da vida do Minotauro perdeu seu brilho diante das lâminas douradas da tesoura de Átropos, a turma toda ouviu um urro de furar os tímpanos vindo de andares acima. Era o Minotauro sendo derrotado finalmente.
O relógio digital da ampulheta marca: 00h30min.
A ampulheta começou a girar freneticamente no ar. Agitava-se sem auto-piedade. Novamente, névoa para todo o lado. De repente, a masmorra virou um borrão e todos do Sítio, Medusa e Tântalo desapareceram. Quando toda a turma abriu os olhos novamente, estavam no lugar onde haviam se encontrado com as Erínias.
E lá estavam elas. Com cara de quem comeu e não gostou.
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— A vingança é um prato que se come frio. — disse Alecto.
— Esse é o nosso lema de vida. — continuou Tisífone.
— E agora estamos prontas para pô-lo em prática. — terminou Megera.
Disseram elas, avançando contra a turma. Mas alguma coisa as impediu. Parecia que havia uma barreira mágica protegendo a turma. Mas não era. Era o poder da Verdade, um obstáculo para as Erínias que as impede de cometer algo injusto.
A promessa delas era que castigariam o pessoal do Sítio, a Medusa e o Tântalo somente se eles não conseguissem cumprir a tarefa em meia hora, o tempo combinado. Neste caso, o poder da Verdade as impediu, pois a missão foi muito bem cumprida em 29 minutos e 50 segundos.
— Ei! Nós conseguimos fazer a tarefa no tempo determinado! Não há por que nos machucar. — disse Medusa.
A ira das Erínias aumentou. Mas a turma não tinha o que temer. Entraram novamente nas masmorras para mandarem as Moiras de volta para seus refúgios como prometido. Quando chegaram, foram advertidos:
“Pensamos que não viriam. Já íamos mandar as Erínias punirem-vos.”
Pedrinho então pegou o Pirlimpimpim e jogou um pouco sobre as Moiras, dizendo a elas para pensarem no lugar de destino. Então, elas, sem parar de trabalhar, desapareceram e agora com certeza estavam felizes em sua habitação.
Então a turma voltou novamente à sala onde haviam se encontrado com as Erínias. Mas elas não estavam mais lá.
— Onde foram? — perguntou Dona Benta.
— Fugiram, com certeza. Elas detestavam esse lugar e agora que o Minotauro morreu, estão livres. — disse Tântalo.
— Ai que bom! — disse Tia Nastácia.
Acenderam mais alguns archotes e seguiram pelo túnel de volta à garagem. Foi uma subida cansativa. Dona Benta e Tia Nastácia chegaram arfando. Seguiram pela garagem em direção ao elevador. Apertaram o botão Sala do Trono e subiram, subiram e subiram até que o elevador parou abrindo as suas portas e mostrando um trono vazio. Ao pé deste, estava o corpo
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inanimado do mostro com cabeça de touro e corpo de homem. O finalmente derrotado Minotauro.
E, reluzente à luz do pôr-do-sol que não existia no mundo cibernético, ali estava os Três Elementos Reais. O Manto, o Cetro e a Coroa. Medusa se adiantou, e os apossou. Quando vestiu o Manto, pôs a Coroa e segurou firme o Cetro, um brilho emanou do corpo dela. Ela era a nova rainha do Labirinto. A era de trevas, de tristeza e de sofrimento havia morrido juntamente com o seu dissipador.
O palácio, que era de um granito profundamente negro, se transformou em mármore perfeitamente branco. Tia Nastácia perguntou:
— Por que é que isso aconteceu?
— O aspecto desse palácio, desse Labirinto em geral, muda conforme a alma de quem o governa. Antes, quando o Minotauro tinha esse poder, era tudo trevas pois sua alma estava totalmente corroída pelo mal. Agora, como podem ver, ficou tudo branco e límpido, de acordo com minha alma nesse momento. Com certeza, após o encontro com as Moiras e da experiência vivida com vocês, minha alma se viu livre de todo pecado. Eu estou completamente feliz agora.
— Mas e as criaturas que estão presas aqui? — perguntou Dona Benta.
— Vou deixá-los ir. Eles ficavam aqui somente porque o Minotauro queria assim. É só eu fazer uma declaração em voz alta, o que farei agora: Eu, Medusa, Rainha do Labirinto Alvo, declaro livre todas as criaturas presas pelo perverso Minotauro. Que elas voltem para seus refúgios, de onde nunca deveriam ter saído. — e terminou a declaração. — Pronto, agora estão todas livres.
— Que maneiro! É só falar em voz alta que tudo se sucede! — exclamou Pedrinho.
— Então não havia nenhuma necessidade de gastar Pirlimpimpim com as Moiras. — disse Emília.
— Eu não poderia livrar quem eu mesmo prendi. A magia do Labirinto não aceita arrependimentos. — disse Medusa.
— Mas então foi você quem as condenou? — perguntou Visconde assustado tanto quanto o resto da turma.
— Por quê? — perguntaram Tia Nastácia e Dona Benta.
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— Esse plano de imortalidade que o Minotauro pôs em prática na verdade não saiu da cabeça dele. Fui eu quem bolou tudo isso. Mas ele soube de tudo e isso o fez querer ainda mais o meu status de rainha. — explicou Medusa.
— Nossa! — exclamou Narizinho.
— Mas agora eu agradeço por ter perdido meu trono para ele, pois senão eu nunca conseguiria me livrar de todos os meus pecados, de toda a minha maldade. Nunca conseguiria ser feliz verdadeiramente como sou agora.
— Mas e o que mais você condenou aqui que agora não consegue reverter? — perguntou Emília.
— Somente algumas ninfas que estão presas em uma jaula no antigo quarto de hóspedes. — respondeu ela. — Meu reinado foi de curto prazo, gastei muito tempo e esforços reformando o palácio, fazendo tudo do meu jeito, não deu para prender muitas criaturas, o que é bom.
— Mas porque prendeu as ninfas? — perguntou Tântalo.
— Eu tinha muita inveja delas, pois eram lindas. Eu, com esses cabelos venenosos, me achava muito feia. E também as prendi, pois elas têm o poder de trazer felicidade e alto-astral por onde passam, mas presas não é o melhor jeito para fazer acontecer esse poder, por isso nunca me deixavam feliz, em hipótese alguma. Apesar de tudo que eu tinha, eu era absurdamente triste. — desabafou Medusa.
— Mas então, vamos livrá-las! — disse Dona Benta.

 Capitulo XII

A Felicidade das Ninfas e a União de Duas Almas

Então eles foram andando para o elevador. Entraram e apertaram o botão Dormitórios. O elevador dessa vez andou para o lado, em vez de subir ou descer. Até que parou e abriu as portas, revelando um corredor tão branco que deixava as retinas da turma um pouco abaladas.
Andaram pelo corredor até que chegaram à frente de uma porta simples, que Medusa abriu produzindo um barulho abafado. O quarto que se revelou era
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grande e confortável, com uma cama enorme de dossel, coberta por um cortinado cor de pêssego. A janela estava aberta deixando entrar a luz que vinha do desconhecido, pois no mundo cibernético não havia sol. Os móveis que o decoravam eram de cores claras, dando um toque de leveza ao recinto. Ao canto do quarto, contrastando com tudo, havia uma jaula com grades de aço, de aspecto antigo. Dentro dela, enxergava-se algumas plantas em vasos de barro e três belas criaturas aladas e cada qual vestida por um manto quase que transparente, leve e esvoaçante como um véu. Elas pareciam ter luz própria, pois reluziam como uma refinada jóia exposta ao sol. Na cabeça, elas tinham uma coroa de louros, decorada com flores silvestres, lindas como o alvorecer. As adoráveis criaturas conversavam entre si, desoladas, quando viram a turma se aproximar. Assustaram-se com Medusa, e começaram a gritar, produzindo um som quase intolerável.
— Fujam! — gritou a ninfa vestida de azul para a turma. Era a que tinha a maior coroa.
— Acalmem-se! — disse Emília. — Medusa agora é do bem.
E então elas se sossegaram, compreendendo a aura sincera que emanava de Emília. Esse também era um de seus dons: perceber o bem ao seu redor. Assim sendo, Medusa se adiantou e encaixou uma de suas cobrinhas, que não mais estavam cobertas pelo lenço negro, no cadeado, o que o fez abrir-se e livrar as ninfas que saíram voando pelo quarto, abraçando a liberdade e dando adeus ao destino cruel que estavam submetidas.
De repente, uma luz forte emanou das três ninfas e todos que estavam no quarto foram tomados por uma sensação de completa felicidade. O ânimo de todos foi elevado ao extremo. Essa era a recompensa dada pelas ninfas a quem lhes deu a liberdade.
Talvez por efeito da extrema alegria, Medusa deu um beijo em Tântalo, que retribuiu. Dona Benta, mais que depressa, tapou os olhos de Pedrinho. Visconde, os de Narizinho, mas ele mesmo fechou os seus. E Tia Nastácia, os retrós de Emília, o que não foi uma boa ideia, pois a espevitada boneca logo lhe mordeu as mãos, para ver a grande demonstração de amor, mas quando conseguiu limpar sua visão, o já havia acabado.
É claro que aquilo tinha que dar em casamento. As ninfas ficaram para abençoar a união diante da mãe-natureza e os espíritos benignos. Depois da troca de alianças diante do chafariz, nos lindos jardins do palácio, era hora de ir embora. Mas Pedrinho verificou que o Pó de Pirlimpimpim não seria suficiente para fazer duas viagens.
— Então nós vamos levar as ninfas conosco lá para o Sítio. — sugeriu Emília — A senhora deixa, vovó? — perguntou ela para Dona Benta.
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— Isso quem decide é Nastácia. É ela que terá de fazer mais comida… — respondeu Dona Benta.
— Mas as ninfas não comem comida normal. Elas se alimentam da energia que está no ambiente em nossa volta, por isso que não sobrevivem em lugares que não tenham pelo menos uma planta sequer. — disse Tântalo.
— Então fique sossegada Emília, pois sendo assim, eu as deixo nos acompanharem, se elas quiserem, é claro. — disse Tia Nastácia.
— Ah! Vocês vão adorar o Capoeirão dos Tucanos. Lá tem muita diversidade em fauna e flora. — disse Narizinho.
— Claro que concordamos com essa proposta maravilhosa! — disse a ninfa vestida de rosa, com uma voz melodiosa e suave.
— Nossa! Vai ser um sonho! — exclamou a ninfa de manto alaranjado.
E então, após o momento de adeuses, Pedrinho jogou o Pirlimpimpim sobre as ninfas e todos do Sítio.



Giuseppe Guimarães
O Mistério é Revelado


Depois de um borrão de cor e sombra, estavam de volta na sala da vovó. Mas o sol de meio-dia ainda ardia lá fora. Era como se o tempo não tivesse passado. Visconde, que não havia se esquecido de descobrir quem que ligara seu teletransportador multidimensional pelo controle-remoto, foi até seu laboratório e encontrou, sentado na poltrona, o Zé Carijó, o único morador do Sítio que não se adaptara ao mundo tecnológico.
O que você está fazendo aqui? — perguntou o nervoso Visconde.
É qui eu istava passando por aqui, quando ouvi um baruio istranho e entrei aqui preu ver o qui era. Intão eu vi esse treco aí. — e apontou para o controle remoto — Fiquei tentado a apertá, e apertei e intão ouvi uns otro baruio, depois vei um silêncio e depois mais baruio e ocê apareceu.
Rindo, Visconde voltou à sala e contou a todos quem foi o culpado pela aventura. Depois de contada a história a Emília disse:
Agradeçam a mim, pois fui quem salvou a todos!
Com risos, gargalhadas, e toda a felicidade proporcionada pelas ninfas, o Sítio voltou ao normal, mas agora teria alguma coisa para se fazer: viver toda a aventura novamente, mas dessa vez, usando o videogame...

Como já dissemos acima este livro surgiu de uma proposta escolar, 
da professora de portugues Renata Minete.
São professoras assim que motivam nossos
alunos a irem sempre além.
Bjs a todas as professoras maravilhosas!


Essa proposta surgiu a partir de um trabalho escolar da professora de português e foi valorizado aqui neste espaço....leia e leia e leia sempre mais...


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